Obcecados por Amor
Uma carência patológica se
alastrou pelos quatro cantos do planeta. Uma necessidade de afeto tão grande que as pessoas são capazes de tudo para o possuírem, até mesmo ter novecentos e noventa e nove dias ruins, se pelo menos um for bom.
Criou-se uma obsessão: devemos achar a nossa outra metade da laranja, nossa alma gêmea. Caso isso não aconteça, não seremos felizes.
Mas, e se eu for uma laranja
completa?
Deus me livre de depender econômica ou emocionalmente de um cara! De dedicar anos da minha vida a um certo alguém por puro medo de ficar sozinha comigo mesma! De encher meio copo de suco de laranja, quando poderia transbordá-lo!
Devem pensar que sou cética. Mas não sou. Eu acredito no amor. Já ouvi lindas histórias sobre ele, daquelas de encher o coração de esperança e os olhos de lágrimas. Também já o vi: numa troca de olhares, num afago gentil. Apenas não o saboreei. E acho que não o farei.
Há dias em que é difícil ficar só.
Quando a cidade e os seus sons emudecem, e eu não consigo ouvir nada
ao meu redor, é aí que eu percebo. Ligo a TV em qualquer besteira,
porque, assim, não me sinto tão sozinha. O barulho mascara a
solidão.
Mas não faço frequentes, dias como
esse.
Sou feliz.
Às vezes, nem tanto.
Às vezes, bem muito.
E se, por acaso, no meio desse pedregoso caminho que chamamos de vida, eu trombar com alguém que queira ser feliz junto comigo, que não sejamos metades que se completam; mas dois inteiros, que se complementam.
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