sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Obcecados por Amor

     Uma carência patológica se alastrou pelos quatro cantos do planeta. Uma necessidade de afeto tão grande que as pessoas são capazes de tudo para o possuírem, até mesmo ter novecentos e noventa e nove dias ruins, se pelo menos um for bom. 
  Criou-se uma obsessão: devemos achar a nossa outra metade da laranja, nossa alma gêmea. Caso isso não aconteça, não seremos felizes.
     Mas, e se eu for uma laranja completa?
     Deus me livre de depender econômica ou emocionalmente de um cara! De dedicar anos da minha vida a um certo alguém por puro medo de ficar sozinha comigo mesma! De encher meio copo de suco de laranja, quando poderia transbordá-lo! 
     Devem pensar que sou cética. Mas não sou. Eu acredito no amor. Já ouvi lindas histórias sobre ele, daquelas de encher o coração de esperança e os olhos de lágrimas. Também já o vi: numa troca de olhares, num afago gentil. Apenas não o saboreei. E acho que não o farei.
     Há dias em que é difícil ficar só. Quando a cidade e os seus sons emudecem, e eu não consigo ouvir nada ao meu redor, é aí que eu percebo. Ligo a TV em qualquer besteira, porque, assim, não me sinto tão sozinha. O barulho mascara a solidão.
     Mas não faço frequentes, dias como esse. 
     Sou feliz. 
     Às vezes, nem tanto.
     Às vezes, bem muito.
   E se, por acaso, no meio desse pedregoso caminho que chamamos de vida, eu trombar com alguém que queira ser feliz junto comigo, que não sejamos metades que se completam; mas dois inteiros, que se complementam.


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