Sempre Gabriela
Dezessete
primaveras estampadas no rosto – com sorte, elas não estão tão
visíveis assim. O repúdio pela mudança presente em
cada célula do meu corpo, por associar esta a algo ruim: mudar o
corte de cabelo e ter medo que desaprovem; trocar de colégio e não
ver mais os amigos; desapegar-se das bonecas e sentir falta das
lembranças que elas trouxeram.
A trilha sonora
da minha vida costumava ser aquela música da Gal Costa que diz: “eu
nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim”. Preferia a
homeostase, pois era algo seguro. Mudança é incerteza; é frio na
barriga. E inverno nunca foi minha estação do ano favorita.
Mas o tempo passa – graças a Deus! E a maturidade chega. E, com ela, novos sonhos, novos ideais. Os mesmos olhos de antigamente, agora enxergam horizontes diferentes. Seu novo corte de cabelo, aquele que achava que não ficaria legal, acaba ficando bonito; no novo colégio, você faz amigos para a vida inteira; e o espaço ocupado pelas bonecas vira uma escrivaninha, onde você pode fazer – e registrar – suas novas lembranças.
Hoje, a mesmice me entedia. O
novo me excita. E uma nova frase me define: eu
prefiro ser essa
metamorfose ambulante do
que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo.
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